segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Furduncio no fundo do mar.


Arimatéa era uma verdadeira "cavala" marinha que costumava namorar Vandercleison, em cavalo marinho adotado, meio problemático, meio ciumento e meio boiola, como se fosse possível ser "meio" boiola.

Acontece que Arimatéa acabou enjoando de Vandercleison e arrumou outro, Vadin Kazinski, um cavalo marinho russo, chato bagaraio e que volta e meia se metia com drogas e jogatina.

Logo Arimatéa estava entregue à promiscuidade, saía com um, com outro, com outras, mas sustentava o namoro com Vadim, e de quebra dava uns pegas em Vandercleison, pobre coitado, que por falta de amor próprio acabava cedendo aos caprichos de Arimatéa, ou por pura falta de opção mesmo...

Acontece que o bucha do Vandercleison não tomou precaução alguma e acabou engravidando, causando o maior reboliço no fundo do mar. Arimatéa ficou louca, pensou em todos os seus planos que tinha pela frente e como um filho cairia como uma bomba sobre o seu futuro. E o mestrado? E as viadagens, digo viagens? Foi tudo pra putakilparil.

Imediatamente falou para Vandercleison abortar, e por mais incrível que pareça, Vandercleison levantou a voz e disse: - Nem fudendo!!!

Depois do xilique, Arimatéa começou a aceitar a idéia, contou para Vadin que aceitou numa boa, não se sabe se ele entendeu direito do que se tratava ou se estava completamente drogado, o que no fundo dá no mesmo. Já começaram os preparativos para o chá de bebê e os pais de Arimatéa já estão ansiosos pela chegada do netinho, enquanto os amigos só sacaneiam, mas também apóiam.

mas no fundo, no fundo, essa história pode ser resumida em três palavras:


Arimatéa si phudeu.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009







Olho para o alto e vejo
Nuvens carregadas que pairam no ar
O frio que grita nas articulações
Queima o rosto através do vento insistente
É mais um dia de junho
Esperando te encontrar
O cigarro ataca a garganta
E a cerveja congela os dedos
E você sempre demora
E quando chega me sorri
Esqueço do céu e da garganta
Penso nas tuas ancas
E no próprio pensamento
Amor e desejo é tudo o que tenho
Vontade de cuidar e te comer
Te ler um livro
Arrancar teu sutiã
Te quero de quatro
Por quatro décadas
Te amo
Mais que tudo
Que seja possível.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Flamengo.

Domingo de sol, cinco da tarde
Maracanã lotado, preto e vermelho
Ansiedade, alegria, arrogância
Orgulho de ser flamenguista
Na entrada começa o alarde
Verdadeiro mar de gente
Lá dentro, a busca ao gol
Gol é vitória, vitória é conquista
Tudo é amor, magia, militância
Uma vez flamengo, flamengo até morrer
A torcida é paixão, é calor
Ontem, hoje e amanhã
Meu mengão
O eterno campeão.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Drops de Inverno III

Qual será a distância
Entre o topo daquela montanha verde
E o começo daquele pedaço de céu azul?
Nenhuma?
Infinita?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Silvinho Gato Mole



Se alguém perguntar no futuro quem iniciou esse moleque, eis a prova do crime.

Xenita e Brida!


Vou dizer o que me faz bem:
Chegar fim de semana, vestir uma bermuda, me despir do trabalho e farrear com essas duas pretas aí de cima que são as minhas provedoras do amor mais inocente que pode existir. Carinho, devoção, confiança, amor... Tudo de graça.
Quer mais?
Não vou dizer que gosto mais dos animais de estimação que das pessoas, mas afirmo com todas as palavras que gosto tanto dos meus animais de estimação quanto das pessoas que amo.
Exagero?
Não. Preferência.
Não devo satisfações.
Se me criticarem, que não façam muito perto.
Pode haver reação.
Se me apoiarem, que bom.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A preguiça e a tragédia.

Dia desses morreu uma mulher perto do meu escritório. Morreu atropelada, foi atravessar uma rua de trânsito intenso e velocidade alta a menos de cinquenta metros de uma passarela.
Sempre vou lamentar as tragédias, mas existem fatos já anunciados, que mesmo assim pagam pra ver.
Com tanto bandido na rua empunhando fuzil, tanto motorista imprudente fazendo barbeiragem e tanta gente valente a troco de nada, podemos nos considerar verdadeiros sobreviventes. Pra quê colocar a própria vida em risco se expondo dessa maneira? Pressa? Preguiça?
Não vale a pena, não existe segunda chance.
Que Deus perdoe essa pobre alma, porque atravessar a rua debaixo da passarela é suicídio.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mensagem do Idoso

Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas,
Ampare-me.
Se minha audição não é boa e tenho de me esforçar para ouvir o que está dizendo,
Procure entender-me.
Se minha visão é imperfeita e meu entendimento é escasso,
Ajude-me com paciência.
Se minhas mãos tremem e derrubam comida na mesa ou no chão,
Por favor, não se irrite, fiz o melhor que pude.
Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu,
Pare para conversar comigo, sinto-me só.
Se você na sua sensibilidade me vê triste e só,
Simplesmente partilhe um sorriso e seja solidário.
Se lhe contei pela terceira vez a mesma história num só dia,
Não me repreenda, simplesmente ouça-me.
Se me comporto como criança,
Cerque-me de carinho.
Se estou com medo da morte e tento negá-la,
Ajude-me na preparação para o adeus.
Se estou doente e sendo um peso,
NÃO ME ABANDONE.

Autor desconhecido.

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Paulo Tamburro,


só para fazer um paralelo com a sua postagem no FOTOFALADA, http://tamburrofotofalada.blogspot.com/2009/07/hora-da-verdade.html, segue uma imagem que mostra o quanto é possível acreditar na beleza interior.


Um abração.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dias assim.


Dia desses uma estrela caiu
Um menino fez um pedido
Numa roça sem iluminação
Era primavera

Dia desses uma estrela caiu
Uma menina foi testemunha
Caiu duma cobertura bem alta
Era verão

Dia desses uma estrela caiu
Um travesti é suspeito
Caiu da varanda de um flat
Era inverno

Dia desses uma estrela caiu
Uma luneta eletrônica registrou
Caiu e ninguém viu
Era outono

Uma dia é o da vaca
O outro do taxista
E o pedinte continua pedindo.

domingo, 28 de junho de 2009

Mais uma nostalgia.

Hoje acordamos às sete da manhã, minha mãe já estava de pé preparando sanduíches e uma garrafa de refresco. Meu pai se aprontou em minutos e ficou nos apressando. Entramos no carro ainda sonolentos, mas começamos a nos animar conforme singrávamos a estrada. Chegamos a uma praia um pouco distante, mas dentro da cidade. Animação total, brincamos, mergulhamos e rimos bastante. Era uma praia diferente. De repente meu pai nos chama para irmos embora. Reclamamos, mas atendemos. Meu pai pegou um caminho diferente, logo estávamos animados, chegamos a outro bairro, tinha praia, mas era suja, parecia uma vilazinha de pescadores, meu pai foi comprar uns peixes que nem cheirava de tão frescos, minha mãe olhava uns legumes vistosos e nós nos encantávamos com os peixes diferentes, os moluscos e tudo mais de extraordinário em nossas vidinhas. Meu pai explicava tudo pra gente, ele tinha sempre uma história legal. Comemos peixe feito de uma maneira diferente, bebemos um refrigerante diferente, conversamos, rimos e fomos embora. Foi mais um dia legal. Há mais de vinte anos. A praia era Barra de Guaratiba, o bairro era Pedra de Guaratiba, o Rio era outro e meu pai era vivo. Éramos felizes com pouco. Bastava a coragem do meu pai de fazer as coisas acontecerem. Ser pai de verdade. Não delegar a sua função. Não deixar as nossas vidas caírem na rotina. Obrigado, pai.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Será que o amor morreu?


Há muito tempo não somos um casal

Somos uma dupla de frustrados

Frustrações iguais ou diferentes

Até diria interdependentes

E estamos sós e estamos juntos

Num barco furado e sem velas

Mas com pintura de dar inveja

Somos nada e somos muito

Muito disperdício

Nossos caminhos são sem rumo

Nosso sonho tem validade

Acordamos várias vezes

Insistimos em dormir

Tudo em vão, sem chão

É difícil partir

Amor ou ilusão

Amor e ilusão

A esperança morreu

Aproveitemos o velório.

A história da garota cega

Havia uma garota que era cega e se odiava pelo fato de ser cega. Ela também odiava a todos exceto o seu namorado. Um dia ela disse que se pudesse enxergar o mundo se casaria com ele. Num dia de sorte alguém lhe doou as córneas e ela voltou a enxergar. Então seu namorado lhe perguntou se agora se casariam. A féla ficou chocada quando viu que o buxa era cego e disse que não poderia se casar com uma pessoa que não enxergava. Seu namorado se afastou em lágrimas e disse apenas para que ela cuidasse bem de olhos, mas no fundo ele só pensava na merda que acabara de fazer. Ao sair do hospital a garota deslumbrada com o mundo que via pela primeira vez atravessou a rua desatenciosamente e acabou sendo atropelada por um caminhão e morreu. Seu namorado sorriu e conseguiu suas córneas de volta.
Moral da história: Não seja um filho da puta que um dia o caminhão te pega.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Solivan e Tualina

Solivan conheceu Tualina ainda adolescentes. Descendentes de portugueses, eram vascaínos doentes. Namoraram, noivaram e casaram. Tinham uma vida feliz, cuidavam com apreço da padaria, prosperaram e todos os domingos iam a missa e depois a São Januário ver o Vasco jogar. Mas aí, Tualina conheceu Jeremias, um negro magrelo, simpático e flamenguista. Tualina logo se apaixonou e se entregou a Jeremias, viveram um romance secreto e ardente, até que Solivan começou a desconfiar, primeiro ele descobriu uma calcinha do Flamengo na gaveta de sua mulher, quando pediu explicações, ouviu uma historinha pra boi dormir que a calcinha fazia parte de uma mandinga pro Flamengo perder, aceitou. Depois vieram os sumiços repentinos de Tualina durante o batente na padaria, seguidos da falta de sexo no relacionamento. Até que chegou o dia que Solivan flagrou os dois em sua cama, sobre o lençol com a cruz de malta, copulando feito dois urubus. Quando Solivan avistou aquela bunda negra e magra subindo e descendo sobre a sua mulherzinha, ficou atônito, só sussurrou: - Tualina, que isso? Jeremias deu um pulo e saiu correndo vestindo o short e a camisa do Flamengo. Logo Solivan voltou a si e se danou a correr atrás do seu algoz, acabou encontrando Jeremias no boteco da rua de baixo. Tentou partir para a briga, mas o povo o conteve, discutiram bastante, até que Clóvis, um coroa torcedor do América, sugeriu uma aposta: Se o Flamengo fosse campeão do Estadual que seria decidido no próximo domingo, Solivan sairia de casa deixando Tualina livre, mas se o Vasco fosse campeão, Jeremias seria linchado pela comunidade portuguesa em pleno Largo da Cancela. Jeremias só aceitaria se a Tualina viesse junto com uma caixa de cerveja, Solivan concordou desde que fosse Antártica. Tudo acertado. Segundo tempo de jogo, 2 x 1 para o Flamengo, resultado que sagraria o Vasco campeão, mas aí vem a falta salvadora, Pet cobra no ângulo e pronto, gol do Flamengo, tri-campeão estadual. Solivan não acredita, acabara de perder a mulher, a casa, e o pior, uma caixa de Antártica. Saiu sem rumo, parou num boteco em Paciência, conheceu um cara legal, atencioso, vascaíno também. Choraram juntos, se abraçaram, se beijaram e dormiram juntos. Assim acaba a história de Solivan e começa a de Manoelita, transexual vascaíno, famoso e rico. Tualina até hoje não sabe se é vascaína ou flamenguista e Jeremias, bebeu todas e acabou esquecendo Tualina, saiu com Beatriz, uma mulata botafoguense que não liga pra futebol, mas adora samba e cerveja.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Baía de Guanabara


Baía de Guanabara


Poluída


Mas de beleza rara


Inconfundível


Do Santos Dumont ao Galeão


Admirável


Da Praça XV a Niteroi


Bela


Lembrada


Esquecida


Única


Maltratada


Moramos ao seu redor


E ela dentro de nós


Baía de Guanabara


De doces lembranças


De saudosos golfinhos


De finadas sardinhas


De nós cariocas


De nós turistas


Só nós te entendemos


Te amamos


Te maltratamos


Te poluímos


E te lamentamos


Baía de Guanabara


Morta por nós


Viva por nós.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Drops de Inverno II




NUNCA DUVIDE DE

UMA MULHER DE

UM METRO E SESSENTA E POUCO.

SE ELA QUISER, DERRUBA

SEUS QUASE DOIS METROS

GASTANDO APENAS

O SEU BATOM.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Perspectiva

Se for para abrir o coração
Que seja para o colesterol
Encha os seus pulmões
Mas encha de fumaça
Fumaça ilícita
Abra os seus olhos
Atrás dos óculos escuros
E veja essa noite
Maravilhosa e teimosa
Amanhecendo sem querer
Seja minha nesta manhã
O que te dou em troca?
Pão com mortadela
E coca-cola
E sem a certeza
Que dará certo
Mas a lógica diz
Que tudo que dá certo
Dá certo
E o que dá errado
Foda-se
A gente tenta de novo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Aquela hora


O relógio marca uma hora qualquer
Num bar legal de um lugar qualquer
O caminho de volta tem mar de um lado
E um morro muito verde do outro
Cantamos, comemos, bebemos, fumamos
Sorriso fácil de dentes amarelados
Era sempre assim
Tinha um reggae na praia de vinte anos atrás
Não tinha carros, mas tinha carona
Amizades, interesses, hormônios
As histórias pra contar estavam sendo construídas
Com festas, encontros, desencontros, romances
Até hoje gostamos da trilha sonora
E aquele areal que chegamos pegando dois ônibus
Quase deu briga
Os porres são memoráveis
Mais pra quem sofria a ressaca
Motivo de chacota
De homens de mais de trinta anos
Isso é felicidade
Encontrar amigos e juntos encontrarmos
Aquele barzinho legal
Naquela hora legal
Num passado que foi muito legal
Que horas são?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Drops de Inverno

Dias nublados, mente a vagar

Pra quê acordar na manhã

De um dia cinzento

Se podemos esperar


Um céu estrelado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O amor é um comprimido

O AMOR
É UM COMPRIMIDO
CURA A DOR
ENTORPECE
DEPRIME
MATA E SALVA
COM CERVEJA É MELHOR
PORÉM, MAIS PERIGOSO.

O AMOR
É UM COMPRIMIDO
LEGAL
ILEGAL
IMORAL
TARJA PRETA OU SUBSIDIADO
COM CERVEJA É MELHOR
MAS É PRECISO CORAGEM.

O AMOR
É UM COMPRIMIDO
SEM BULA
SEM VALIDADE
SEM LÓGICA
SEM GARANTIAS
COM CERVEJA É MELHOR
MAS DÁ UMA RESSACA.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Já Passou

Axl Rose engordou
Eugênio desfilou
Leonel Brizola lutou
Seu Vicente voou
Cassia Eller abusou
Seu Bandeira construiu
Rozana enfeitiçou
Godin explicou
Guinho morreu
Elis Regina cantou
Valdemar torceu
Chacal escreveu
Silvinho cresceu
D. Pedro I rebelou
Alessandro Xavier sumiu
Suzana Vieira envelheceu
Mauro apareceu
Raul Seixas viajou
Ana Luiza salseou
Zeca Pagodinho maneirou
Jair Bolinha caiu
Falcão acendeu
João Vicente terminou
A história acabou
Ou não.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Tempo do Guinho

Ontem fez catorze anos que nosso amigo morreu. Mas hoje é que bateu uma saudade insuportável dele, do tempo dele. Podemos classificar um período da nossa história como "o tempo do Guinho".

Muita gente nem sabia o seu nome, o apelido era suficiente para identificar o cara mais legal que conhecíamos. Muitos o consideravam o melhor amigo, mas acho que ele considerava todos melhores amigos, cada um ao seu tempo. O cara era especial, conquistava o amor de todas as mulheres, a admiração de todos os caras. As crianças gostavam dele e os pais e avós cuidavam dele como se ele fosse deles também. Não era o mais bonito, nem o mais arrumado, não tinha grana e nem segredos. Era só o mais legal.

Não namorava, não podia doar muito do seu tempo a uma pessoa só. Tinha lá os seus problemas, não gostava de falar do seu pai. Era inquieto.

Parecia que sabia que tinha pouco tempo nessa vida. Curtiu tudo muito intensamente.

Até hoje é lembrado nas nossas rodas de conversa. Todo mundo tem uma história legal na qual ele figura de forma relevante.

Acho que poucas são as pessoas que conseguem se manter tão presentes assim na vida de tanta gente depois de tanto tempo.

Apesar de não nos honrar mais com sua presença física, pode ter certeza, ainda é um dos nossos.

Tenho certeza que estás num lugar muito especial.

Sentimos sua falta.

Sem tchau, sem adeus, sem aperto de mão.

Só aquele: - "Valeu!"

quarta-feira, 25 de março de 2009

O Rio de Janeiro e suas favelas cinematográficas

Na mídia escrita só dá Rocinha, Ladeira dos Tabajaras, Santa Marta. No noticiário da TV também.
E sabeo que essas favelas tem em comum além das valas a céu aberto a da "vagabudagem" sem fim? - Elas ficam na zona sul da cidade, dividindo espço com os endereços mais quentes, com os IPTU´s mais caros.
Eis o motivo de tanta exposição na mídia, tanto projeto social que não dá em nada, tanto "direitos humanos" e o pior, tanta falta de providência.
Agora eu pergunto o que é preciso para uma favela, que não seja fincada no meio da zona sul, receber o amparo do poder público ou, até mesmo, a atenção da mídia? Torturar jornalistas? Sei lá.
Isso é um absurdo. As favelas da zona oeste vivem em guerra e ninguém faz nada. É inimigo, é milícia, é caveirão, é criançamorrendo dentro de casa na Vila Vintém, é tiro a ermo. O que falta? Cadê o carro da emissora de TV? Cadê a internet grátis? Cadê o Criança Esperança? Cadê a Ação Global?
Só tem vagabund trocando tiro com a polícia. Só que isso acontece a mais de trinta quilômetros do centro da cidade.
Pra acabar, só mais uma perguntinha: - Quais foram os três milagres que o "Dona Marta" fez pra transformar em Santa?


João Vicente Teixeira Lacerda

segunda-feira, 2 de março de 2009

Cadê a minha turma?


Cadê todo mundo? Cadê a minha turma? Todos foram embora e esqueceram de apagar as luzes. Todo mundo casou ou teve filhos ou os dois até. Alguns se mudaram outros simplesmente mudaram. Eu mudei também.

Mas dá saudades, das tardes tediosas que pasamos juntos, das aventuras que nem eram tão fantásticas assim, das noites cheias de expectativas e cheias de frustrações, das paqueras, das conquistas e derrota e os pores.

Cadê todo mundo? Alguns morreram. Minha turma teve diversas baixas por acidente. Os carros e motos tão cobiçados na adolescência, levaram alguns dos mais queridos da turma. Choramos muito a falta deles.

O tempo passou para todo mundo, o dia ficou bem mais curto. Não temos tempo para a nossa turma. Não somos mais tão amigo assim.

Todos nós sentimos saudade, mas não fazemos nada para matá-la. Quem tem tempo?

Cadê a minha turma? Ficou na vaga lembrança de todos nós, mas isso quando temos tempo de lembrar.

É uma pena.

Lembranças


Dia desses estava nos arredores da Tijuca fazendo hora e me pus a ler o jornal na Praça Saens Pena. Era de manhã bem cedo e o dia estava lindo, sol e temperatura agradável. Muitos idosos na praça e algumas crianças acompanhadas dos pais e de repente um flash na minha cabeça: Uma mãe com uma filha de uns nove anos de idade e um filho, de no máximo, cinco anos apareceram bem na minha frente com um saco de milho nas mãos para dar aos pombos. Eu lembro perfeitmente de um dia em 1981 que a minha mãe fez o mesmo comigo. Não era Saens Pena, er Cinelândia. Não era ontem, já se passara vinte e sete anos. Que saudade daquele tempo, daquele dia. Tive uma infância muito feliz. Tenho uma mãe fantástica, a melhor do mundo. Agradeço até hoje a oportunidade de ter jogado milho aos pombos da Cinelândia, às cutias do Campo de Santana e tenho certeza que essas crianças também serão gratas.

domingo, 1 de março de 2009

A falta de profissionalismo e a propaganda enganosa

Por acaso você já comprou alguma coisa que na embalagem viesse escrito "kit completo" e quando aberta fosse constatado que falta algum item? É, meus caros, os kits completos de hoje em dia não são tão completos assim.
E quando você chega a uma loja e é recebido com um tapete vermelho, juras de dedicação, tratamento vip e sorrisos radiantes, muito legal. Aí, você fecha a compra, PAGA e pronto, o cenário é desfeito no ato. A entrega atrasa, um dos itens vendidos não existe mais, não se devolve o dinheiro, o sorriso do vendedor se transforma em olhar fulminante, e tudo isso financiado por você.
Isso é uma pouca vergonha. Uma afronta ao consumidor. É por isso que os PROCON´s estão lotados.
Tá na hora da defesa do consumidor ser mais ostensiva. Chega de aturar espertinho.

Saudade do caju

Hoje eu acordei bem cedo
Coração apertado, uma saudade
Saudade diferente
Saudade de um gosto
Gosto de caju
Num sábado de verão
Bastante sol e bastante chuva
Daquela que passa logo
E não deixa tristeza
Que saudade
Saudade de quinze, vinte anos atrás
Saudade do banho de chuva
Do caju caído no quintal
Saudade do meu pai
Do sorriso fácil da minha mãe
Da inquietude das minhas irmãs
Saudade da minha infância
E daquele copo de suco de caju
Bem gelado que minha mãe trazia.

O Big Brother Brasil e a idiotização da tv aberta

Ta bom, eu sei que o tema é mais que batido, mas também estou cansado de baterem na minha cara com esses “realyties” da vida.
Agora eu lhes pergunto: - Qual é a graça de assistir ao dia-a-dia de um bando de pessoas que você nunca viu ou ouviu falar na sua vida?
Temos que viver a nossa própria vida, se ela é sem graça, coloquemos tempero no cotidiano. Está tudo na cabeça, é só procurar.
Viva a sua própria paixão ao invés de torcer pelos romances de desconhecidos. Brinque com os seus amigos e deixe pra lá os joguinhos dos outros. Saia de casa, levante do sofá, economize energia elétrica lendo um livro, mesmo que seja emprestado, e conheça a sua própria cidade. Não custa nada. Recicle o seu lixo, estude mais, fale com os seus parentes e faça caminhadas.
A vida só é boa quando fazemos dela assim, seja grato pelo que tem, se não tem tudo o que quer, faça por onde conseguir. De maneira lícita e com ética, é lógico.
Torne-se uma pessoa melhor para você mesmo e para aqueles que estão ao seu lado. Cuide dos animais. E por fim:
Tome conta da sua vida.

A necessidade de ser um Super-homem

Nasci numa familia boa, pobre, mas sem privações. Fui bem educado, muito amado e, o mais importante, bem orientado. Pai militar, machista, marxista, mas nunca rude ou grosseiro. Minha mãe dispensa comentários, abdicou a própria vida em prol da familia. A melhor de todas. Duas irmãs mais velhas, diferentes entre si, boas irmãs.
Cresci envolto de expectativas, o homenzinho da casa, o temporão, o preferido do pai e tudo mais. Quanta responsabilidade.
Sobrevivi, mesmo com todas as dificuldades me formei e trabalhei. Trabalhei e trabalho até hoje e vou trabalhar mais dezoito anos. Não tenho dinheiro, mas nunca fiquei desempregado. Errei sim, mas consertei tudo e segui em frente.
Então surgiu o amor, tive que me tornar uma pessoa melhor para conquistar a amada. Mulher exigente, não precisa de mim e nem de nada que eu possa oferecer, mas quer o melhor para si e isso inclui o homem ao seu lado. É difícil, erro muito, aprendo e sigo em frente.
Os amigos admiram ou invejam, existe competição. Existe cobrança. Um emprego melhor, um carro melhor, uma casa e até a aparência. Tudo é julgado.
Ainda não tenho filhos, mas sei o tamanho da responsabilidade. Além de ter que cuidar de um ser totalmente dependente de você e que você ama mais que a si mesmo, ainda existe a sombra do seu pai. Tentar ser um pai melhor que o seu foi para você deve ser uma tarefa quase impossível. Principalmente quando você acha o seu, o mais perfeito do mundo.
Só sendo super-homem para conseguir tais façanhas. E se por acaso surgir essa tal criptonita, só resta ignorá-la, pois quem tem tempo para uma bobagem dessas?

O Rio de Janeiro e a cultura do lambe-lambe


Um dia desses acordei mais tarde que o eventual. Tive que me arrumar correndo para não chegar atrasado ao trabalho. Peguei o carro, pois depois das seis da manhã o trem fica impraticável, e caí de corpo e alma no engarrafamento nosso de cada dia, coisa de carioca. Liguei o rádio e me pus a pensar na vida, só amenidades, nada de muito importante. Acho que era um quarta ou quinta feira. Num daqueles momentos de “anda e para” virei para o lado e avistei um muro enorme lotado de lambe-lambe de ponta a ponta. Pronto, em alguns segundos surgiram várias vertentes de boa diversão para o fim de semana.
Acho interessante essa profusão de cores que se espalha por muros e compensados, antes feios e descascados, na cidade.
Um viva e três salvas de palmas ao lambe-lambe, poluição visual é você VER caminhão e ônibus com selo de vistoria em dia expelindo fumaça preta pelas ruas, pessoas urinando embaixo de viadutos e babaquinhas de terno e gravata jogando panfleto no chão em pleno Largo da Carioca.

Minha Internação

No início do ano fui internado. Peguei uma virose louca que me fez ficar amarelo (logo eu que sou negão) e com o fígado do tamanho de saturno, quarenta graus de febre que, no ápice, me deixava com tanta dor nas articulações que eu não conseguia nem andar. Uns falaram que era hepatite, outros, leptospirose, até dengue foi cogitada e macumba também, todos os exames deram negativo e acabei melhoraram. Foram longos cinco dias na cama do hospital, soro na veia, dor e solidão. Saudade de casa, da família, da minha branquelinha. Enfim tive alta, aparentemente tudo normal, cheguei em casa, deitei na minha cama, comi uma comidinha gostosa, assisti a minha televisão, mas o meu braço começou a inchar, ficou igual ao do Hommer Simpson. Peguei uma tal de flebite, inflamação nas veias devido a má administração do soro nas tais. Passei dois dias em casa e voltei a ser internado. Porra, fiquei sem chão. Completamente pra baixo, queria trabalhar, sair, beber, dirigir, ver gente. Fiquei mais cinco dias internado, fi um pouco mais light, não tinha dor, só angústia.
Fiquei com uma cara horrível. Sei que em gente que passa por coisa bem pior, mas uma coisa é certa, numa cama de hospital é onde aprendemos na marra o valor de ser saudável. Mesmo que esqueça depois com o tempo.
Aqui vai uma idéia: - Dê valor a vida, que por mais que você a ame, a morte sempre irá te namorar.

Infancia roubada

Hoje presenciei uma coisa muito chata de se ver. Passei por uma criança de, no máximo, sete anos e percebi em uma de suas mãos uma caixa de mariolas para vender e na outra um sanduíche que ia sendo mastigado enquanto ele andava e uma sacola plástica com uma quentinha dentro.
Agora vamos partir para o campo das especulações. Para quel ele estaria levando aquela quentinha, já que estava comendo um sanduíche? O que uma criança daquele tamanho estava fazendo na rua aquela hora com uma caixa de bananadas na mão? Tentando sobreviver? Não, porra. Aquela criança estava sendo explorada por um desgraçado de um adulto, que pode ser pai, mãe, avô, irmão ou tutor, não importa.
Com tanto bolsa-escola, bolsa-isso, bolsa-aquilo, o que uma criança dessas ainda faz fora da escola. Será que os pais dela, por mais miseráveis que sejam, não vêem que estão a condenando a essa mesma miséria? Cadê o instinto paterno, a proteção animal?
Lugar de criança é na escola. Roubar a sua infância é a maior covardia.

A Indignação e a Indiferença

Num sábado qualquer, eu e minha namorada pegamos um trem do subúrbio da Central do Brasil. Rio de Janeiro. Eu, carioca da capital e morador da Zona Oeste. Ela, criada na região serrana, lugar onde as pessoas ainda se cumprimentam na rua mesmo sem se conhecer. Lugar bucólico, lugar diferente. Voltando ao trem. Durante o trajeto entraram vários ambulantes vendendo desde balas até brinquedos inusitados, mães com seus quatro ou cinco filhos, uma mãe com seu filho de uns dez anos de idade, voltando da escolinha de futebol com um sorriso estampado no rosto, algumas figuras bizarras e pedintes. No meio da viagem entraram dois meninos de cerca de onze anos de idade cada. Iniciaram sob os olhos curiosos e admirados de todos, inclusive do menino jogador de futebol, um número de equilibrismo com bolinhas, um no ombro do outro, em pleno trem em movimento a troco de qualquer trocado. Um show e tanto se não fosse por pura falta de opção, pura necessidade. Eu, agindo naturalmente, sorri levemente, abri a carteira e dei algumas moedas aos meninos, como se fosse uma coisa normal só por ser comum nos subúrbios cariocas. Foi quando olhei pra minha namorada e vi as lágrimas escorrendo de seus olhos. Tão triste e tão indignada com aquela cena e não entendendo a minha naturalidade diante aquele quadro pintado com as tintas da desigualdade social. Tentei ampará-la, na hora ela pediu que eu escrevesse e postasse sobre esse tema, e pediu que eu traçasse um paralelo entre aquele menino com roupa de jogar futebol acompanhado da mãe e os meninos equilibristas. Todos compartilham a mesma realidade pobre, a única diferença é que enquanto um tem o apoio da mãe para viver com um pouco de dignidade os outros vivem se equilibrando sem o apoio dos pais na corda bamba social. Cá estou eu a atendê-la. E rezando para que o próximo prefeito consiga reverter esse quadro de desigualdade. E que Deus nos ajude, ainda mais que vivemos na cidade da "aprovação automática" onde se elege vereador em prisão temporária.

Auto Salvação

Hoje em dia se fala muito em salvar o planeta. E eu até acho muito bonito isso. Consumo consciente, protesto daqui e dali, greenpeace e tudo mais. Mas e na prática?
Todo mundo se revolta quando vê um desgraçado de um japonês lá do outro lado do mundo matando uma pobre e indefesa baleia, e é revoltante mesmo. E o que você faz?
Uns contribuem com uma quantia, irrisória ou não, com o greenpeace ou outro green desse qualquer e joga uma pet de 600 ml pela janela do carro. Outros dão dinheiro pra Suipa e enxotam um vira-latas na esquina. Que porra é essa? Onde é que as pessoa estão com a cabeça?
Um dia desses choveu, e nem foi uma chuva tão forte assim, um desses rios que cortam favelas, o que é comum na cidade do Rio de Janeiro, transbordou e alagou algumas casas. O que se via era uma quantidade enorme de garrafas pet, alguns poucos galhos de árvores e uma infinidade de objetos curiosos como um bule de café, um sofá de três lugares e uma antena dessas de tv paga. Todos os objetos jogados pelos próprios moradores da favela que foi alagada. Engraçado, né? Se não fosse catastrófico. E sabe o pior? Essas pessoas irão se lamentar, mendigar ajuda, praguejar todos os santos e afins, culpar o Estado, e por fim, continuar jogando lixo no rio.
Temos que salvar o planeta sim, mas para isso temos que salvar o homem primeiro. Salvar dessa falta de educação sem fim, desse egoísmo que acaba com o bem estar coletivo. Não é tão simples e passa bem longe de ser impossível.
Acho que, já que estamos próximos das eleições municipais, podemos começar a pensar mais nisso. Pra salvar o mundo temos que começar salvando o nosso quintal e depois ajudar o nosso vizinho a salvar o dele. A educação é o ponto de partida para toda e qualquer melhora em nossas vidas.