segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dias assim.


Dia desses uma estrela caiu
Um menino fez um pedido
Numa roça sem iluminação
Era primavera

Dia desses uma estrela caiu
Uma menina foi testemunha
Caiu duma cobertura bem alta
Era verão

Dia desses uma estrela caiu
Um travesti é suspeito
Caiu da varanda de um flat
Era inverno

Dia desses uma estrela caiu
Uma luneta eletrônica registrou
Caiu e ninguém viu
Era outono

Uma dia é o da vaca
O outro do taxista
E o pedinte continua pedindo.

domingo, 28 de junho de 2009

Mais uma nostalgia.

Hoje acordamos às sete da manhã, minha mãe já estava de pé preparando sanduíches e uma garrafa de refresco. Meu pai se aprontou em minutos e ficou nos apressando. Entramos no carro ainda sonolentos, mas começamos a nos animar conforme singrávamos a estrada. Chegamos a uma praia um pouco distante, mas dentro da cidade. Animação total, brincamos, mergulhamos e rimos bastante. Era uma praia diferente. De repente meu pai nos chama para irmos embora. Reclamamos, mas atendemos. Meu pai pegou um caminho diferente, logo estávamos animados, chegamos a outro bairro, tinha praia, mas era suja, parecia uma vilazinha de pescadores, meu pai foi comprar uns peixes que nem cheirava de tão frescos, minha mãe olhava uns legumes vistosos e nós nos encantávamos com os peixes diferentes, os moluscos e tudo mais de extraordinário em nossas vidinhas. Meu pai explicava tudo pra gente, ele tinha sempre uma história legal. Comemos peixe feito de uma maneira diferente, bebemos um refrigerante diferente, conversamos, rimos e fomos embora. Foi mais um dia legal. Há mais de vinte anos. A praia era Barra de Guaratiba, o bairro era Pedra de Guaratiba, o Rio era outro e meu pai era vivo. Éramos felizes com pouco. Bastava a coragem do meu pai de fazer as coisas acontecerem. Ser pai de verdade. Não delegar a sua função. Não deixar as nossas vidas caírem na rotina. Obrigado, pai.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Será que o amor morreu?


Há muito tempo não somos um casal

Somos uma dupla de frustrados

Frustrações iguais ou diferentes

Até diria interdependentes

E estamos sós e estamos juntos

Num barco furado e sem velas

Mas com pintura de dar inveja

Somos nada e somos muito

Muito disperdício

Nossos caminhos são sem rumo

Nosso sonho tem validade

Acordamos várias vezes

Insistimos em dormir

Tudo em vão, sem chão

É difícil partir

Amor ou ilusão

Amor e ilusão

A esperança morreu

Aproveitemos o velório.

A história da garota cega

Havia uma garota que era cega e se odiava pelo fato de ser cega. Ela também odiava a todos exceto o seu namorado. Um dia ela disse que se pudesse enxergar o mundo se casaria com ele. Num dia de sorte alguém lhe doou as córneas e ela voltou a enxergar. Então seu namorado lhe perguntou se agora se casariam. A féla ficou chocada quando viu que o buxa era cego e disse que não poderia se casar com uma pessoa que não enxergava. Seu namorado se afastou em lágrimas e disse apenas para que ela cuidasse bem de olhos, mas no fundo ele só pensava na merda que acabara de fazer. Ao sair do hospital a garota deslumbrada com o mundo que via pela primeira vez atravessou a rua desatenciosamente e acabou sendo atropelada por um caminhão e morreu. Seu namorado sorriu e conseguiu suas córneas de volta.
Moral da história: Não seja um filho da puta que um dia o caminhão te pega.