sexta-feira, 22 de maio de 2009

Solivan e Tualina

Solivan conheceu Tualina ainda adolescentes. Descendentes de portugueses, eram vascaínos doentes. Namoraram, noivaram e casaram. Tinham uma vida feliz, cuidavam com apreço da padaria, prosperaram e todos os domingos iam a missa e depois a São Januário ver o Vasco jogar. Mas aí, Tualina conheceu Jeremias, um negro magrelo, simpático e flamenguista. Tualina logo se apaixonou e se entregou a Jeremias, viveram um romance secreto e ardente, até que Solivan começou a desconfiar, primeiro ele descobriu uma calcinha do Flamengo na gaveta de sua mulher, quando pediu explicações, ouviu uma historinha pra boi dormir que a calcinha fazia parte de uma mandinga pro Flamengo perder, aceitou. Depois vieram os sumiços repentinos de Tualina durante o batente na padaria, seguidos da falta de sexo no relacionamento. Até que chegou o dia que Solivan flagrou os dois em sua cama, sobre o lençol com a cruz de malta, copulando feito dois urubus. Quando Solivan avistou aquela bunda negra e magra subindo e descendo sobre a sua mulherzinha, ficou atônito, só sussurrou: - Tualina, que isso? Jeremias deu um pulo e saiu correndo vestindo o short e a camisa do Flamengo. Logo Solivan voltou a si e se danou a correr atrás do seu algoz, acabou encontrando Jeremias no boteco da rua de baixo. Tentou partir para a briga, mas o povo o conteve, discutiram bastante, até que Clóvis, um coroa torcedor do América, sugeriu uma aposta: Se o Flamengo fosse campeão do Estadual que seria decidido no próximo domingo, Solivan sairia de casa deixando Tualina livre, mas se o Vasco fosse campeão, Jeremias seria linchado pela comunidade portuguesa em pleno Largo da Cancela. Jeremias só aceitaria se a Tualina viesse junto com uma caixa de cerveja, Solivan concordou desde que fosse Antártica. Tudo acertado. Segundo tempo de jogo, 2 x 1 para o Flamengo, resultado que sagraria o Vasco campeão, mas aí vem a falta salvadora, Pet cobra no ângulo e pronto, gol do Flamengo, tri-campeão estadual. Solivan não acredita, acabara de perder a mulher, a casa, e o pior, uma caixa de Antártica. Saiu sem rumo, parou num boteco em Paciência, conheceu um cara legal, atencioso, vascaíno também. Choraram juntos, se abraçaram, se beijaram e dormiram juntos. Assim acaba a história de Solivan e começa a de Manoelita, transexual vascaíno, famoso e rico. Tualina até hoje não sabe se é vascaína ou flamenguista e Jeremias, bebeu todas e acabou esquecendo Tualina, saiu com Beatriz, uma mulata botafoguense que não liga pra futebol, mas adora samba e cerveja.

3 comentários:

  1. Descobri seu blog e resolvi dar uma olhada; muito interessante. Gostei do post acima, parabéns!!

    Bj

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  2. Olha companehiro, você escreve muitissimo bem.

    Acho que já lhe disse isto.

    Até porque tinha que ser vascaina a personagem , na ficção ou na realidade.(rsrs)

    Um abração carioca, mermão!!!

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